Ter um pedaço de teto em Lisboa é fácil, difícil é ter um pedaço de céu. Na minha cidade existem paraísos de dono único escondidos por fachadas de pedra. Das vezes que esperei à porta de ti, na esperança que o destino fizesse o resto do caminho, perdi-me sempre na analogia.
Agora que o tempo passou espero que saibas que somos balança velha, num prato o desejo no outro o peso, quanto maior o desejo, maior o peso. Tudo tem um preço sabias? Porque o desejo não morre enquanto não o adormeces nos braços. Já a paixão morre sempre e o amor quando é amor também não porque vive na alma, mas isso é outra conversa, não chegou a ser esta.
Lembro-me perfeitamente daquilo que não vivi, olhos postos no céu escuro e baço de Lisboa, nesse paraíso teu que nem num momento foi meu, a dizer-te que a próxima pessoa que dissesse que me amava teria que me mostrar as estrelas da minha cidade. É que eu nasci na encosta do castelo na hora que a noite é mais noite, esperar tanto tempo pelo sempre, sabendo que nunca é certo é só o prefácio.
Chegará o dia em que já não encaixarás o teu cabelo dourado na curva do meu braço enquanto molengamente tentas enganar-me e ao sono para mais uma histórinha.
Chegará o dia em que as tuas mãos papudas já não me puxarão para o tamanho do teu mundo, coladas ao chão, onde me ensinas de novo a brincar.
Chegará o dia em que o pai natal, a fada dos dentes e o coelho da Páscoa já não viverão no teu coração.
Chegará o dia em que já não caberás no meu colo, apesar de para mim teres sido sempre muito maior que ele.
Chegará o dia em que o calor dos meus lençóis já não será suficiente para te matar os medos.
Chegará o dia em que a tua gargalhada solta se perderá nos centímetros que fores acumulando em ti.
Chegará o dia em que te zangarás comigo, pois nunca te zangaste, apesar de tantas e tantas vezes já me ter zangado contigo, e nesse dia descobrirás que o teu amor foi sempre mais generosos que o meu.
Chegará o dia em que os teus sonhos se tornarão projectos e nesse dia os teus braços perderão as asas para voar, mas os teus pés ganharão o chão para caminhar.
Chegará o dia que essa vontade de ser feliz já, agora, se perderá na repetição dos dias, nos antes e nos depois.
Não me custa os anos que passam, quase nunca, não enquanto me encheres os dias de ti, custa-me perder-te, perderes-te em cada dia, perder-me em ti - criança poema.
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